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Grupo ‘Arquitetura Bicha’ reflete sobre projetos LGBTQIA+ e as cidades

Todas as cidades do mundo deveriam ser seguras e acessíveis para as pessoas LGBTQIA+. Essa é a premissa do coletivo Arquitetura Bicha, fundado em março de 2020 por alunos e professores de todo o Brasil para levantar discussões sobre a arquitetura ligada à comunidade queer.

Muito presente com posts nas redes sociais, principalmente no Instagram, o grupo engloba profissionais que levam reflexões para cursos de arquitetura e órgãos do setor. Uma das vertentes é mostrar referências da comunidade LGBTQIA+ na área, como o paisagista brasileiro Roberto Burle Marx.

“Também apresentamos as obras de arquitetos como o mexicano Luís Barragán, falamos sobre as arquitetas lésbicas e discutimos sobre como é ser transexual na profissão”, afirma Clevio Rabelo, coordenador do projeto.

O coletivo conta com arquitetos de todas as regiões do país e até do exterior. Os outros nomes que participam são Fernanda Galloni, Fred Costa, Fred Teixeira, Leandro Alves, Lucas Reitz, Pedro Câmara, e Vitor Delacqua.

Violências nas cidades
Falar da diversidade no mercado de trabalho e contra o preconceito não é capricho. Segundo o relatório Discriminação e Violência Contra a População LGBTQIA+, em 2022, o Brasil apresentou um aumento de 35,2% na taxa de agressões contra pessoas da comunidade – os casos de homicídios cresceram 7,2%, e os de estupros, 88,4%.

O primeiro diagnóstico de Gênero na Arquitetura e Urbanismo, realizado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) em 2020, mostrou que mulheres LGBTQIA+ na profissão se sentem duas vezes mais inseguras em suas casas e bairros, em comparação aos arquitetos e urbanistas homens cisgênero heterossexuais.

Vale destacar que a LGBTfobia é crime com as mesmas penas dos crimes de preconceito de cor e etnia, com reclusão de um a três anos e multa, previstas na Lei nº 7.716/89.

“Uma das nossas pautas é sobre o banheiro multigênero. Precisamos mudar a legislação, pois as travestis, por exemplo, não possuem o mesmo acesso a banheiros públicos e isso se torna uma questão de saúde coletiva”, afirma Clevio. Os vestiários e provadores de roupas também se encaixam nessa perspectiva, pois seria preciso pensar modelos confortáveis para todos os corpos.

Imaginando futuros
Outra proposta do Arquitetura Bicha é estimular o pensamento de que a comunidade LGBTQIA+ pode ir além. “Se enxergamos apenas a violência que existe no presente, fica difícil de imaginar futuros”, aponta Clevio.

Por isso, uma das reflexões é analisar se casas brasileiras ainda são desenhadas para os papéis da família patriarcal – “pai, mãe e filhos” – que fogem da realidade da maioria da população.

Assim, é preciso que os profissionais de arquitetura e urbanismo projetem cenários que fujam dos arquétipos convencionais. “Ainda somos um projeto acadêmico, mas ganhamos cada vez mais seguidores nas redes, mostrando que existem preocupações com o tema”, celebra Clevio.

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