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Fertilidade e celíacos: como a intolerância ao glúten pode afetar a reprodução

Mesmo sendo uma condição autoimune predominantemente intestinal, a doença celíaca tem repercussões que vão além do sistema digestivo. Oluwatosin Tolulope Ajidahun analisa que a intolerância permanente ao glúten pode estar associada a distúrbios hormonais, inflamações sistêmicas e alterações nutricionais que impactam diretamente a fertilidade de homens e mulheres. O diagnóstico precoce e o controle alimentar rigoroso são, portanto, fundamentais também no contexto reprodutivo.

A doença celíaca é desencadeada pela ingestão de glúten em indivíduos geneticamente predispostos, levando à inflamação crônica e lesão das vilosidades intestinais. Isso compromete a absorção de nutrientes essenciais e gera manifestações variadas, que podem incluir distúrbios menstruais, infertilidade, abortamentos recorrentes e alterações seminais. Em muitos casos, esses sinais passam despercebidos por anos, dificultando a relação direta com a condição celíaca.

Como a celíaca afeta a fertilidade feminina?

Na mulher, a doença celíaca não diagnosticada pode levar a irregularidade menstrual, amenorreia e maior risco de endometriose. A deficiência de ferro, zinco, ácido fólico e vitaminas do complexo B, frequentemente observada em pacientes celíacas, compromete a maturação folicular, a ovulação e a receptividade endometrial. Ademais, a inflamação sistêmica pode prejudicar o ambiente uterino e dificultar a implantação do embrião.

Segundo Oluwatosin Tolulope Ajidahun, o controle do glúten pode ser decisivo na jornada reprodutiva.
Segundo Oluwatosin Tolulope Ajidahun, o controle do glúten pode ser decisivo na jornada reprodutiva.

De acordo com Oluwatosin Tolulope Ajidahun, estudos apontam que mulheres com infertilidade inexplicada apresentam maior prevalência de sensibilidade ao glúten. A exclusão do glúten da dieta, nesses casos, pode promover o reequilíbrio hormonal e restaurar a capacidade reprodutiva. Embora essa associação ainda seja objeto de estudo, ela já é considerada um fator de investigação clínica relevante.

Outro ponto crítico é a associação da celíaca com outras doenças autoimunes, como a tireoidite de Hashimoto, que também pode comprometer a fertilidade. Por isso, a abordagem da paciente infértil deve sempre incluir um olhar atento para possíveis condições imunológicas coexistentes.

Efeitos da celíaca na fertilidade masculina: um elo negligenciado

Embora menos discutido, o impacto da doença celíaca na fertilidade masculina também merece destaque. A absorção prejudicada de micronutrientes importantes, como selênio, zinco e vitaminas antioxidantes, pode interferir diretamente na espermatogênese, reduzindo a contagem e a motilidade dos espermatozoides. Em adição a isso, nota-se também que a inflamação intestinal prolongada pode desencadear desequilíbrios hormonais que afetam a produção de testosterona.

Tosyn Lopes aponta que homens celíacos não tratados podem apresentar alterações seminais mesmo na ausência de sintomas digestivos. A avaliação da fertilidade masculina, portanto, deve considerar a possibilidade de doença celíaca silenciosa, especialmente em casos de infertilidade idiopática. O diagnóstico pode ser feito com exames sorológicos e confirmado por biópsia intestinal.

Com a retirada do glúten da dieta e o reequilíbrio nutricional, muitos desses parâmetros reprodutivos podem ser restaurados ao longo do tempo, elevando significativamente as chances de concepção, tanto natural quanto assistida.

A importância do diagnóstico precoce e da dieta sem glúten

O reconhecimento precoce da doença celíaca e a adesão estrita à dieta sem glúten são fundamentais para restaurar a função reprodutiva em pacientes afetados. Mesmo aqueles que não apresentam sintomas gastrointestinais devem ser avaliados quando há histórico familiar ou sinais clínicos associados à infertilidade.

Segundo Tosyn Lopes, ginecologistas, endocrinologistas e especialistas em reprodução humana precisam estar atentos aos sinais indiretos da condição, como abortos de repetição, alterações menstruais inexplicadas ou resultados insatisfatórios em tratamentos de fertilização. A orientação nutricional adequada também deve acompanhar o paciente desde o momento do diagnóstico, com foco na recuperação da saúde intestinal e na reposição dos nutrientes deficientes.

Fertilidade restaurada com qualidade de vida: um novo olhar sobre a celíaca

A boa notícia é que, com o controle dietético adequado, muitos dos efeitos reprodutivos da doença celíaca podem ser revertidos. Pacientes bem acompanhados conseguem não apenas retomar sua fertilidade, mas também melhorar significativamente sua qualidade de vida e saúde geral. O apoio multiprofissional e a conscientização sobre os impactos extraintestinais da celíaca são, portanto, indispensáveis.

Oluwatosin Tolulope Ajidahun frisa que integrar a avaliação da doença celíaca nas investigações de infertilidade amplia as possibilidades diagnósticas e oferece uma abordagem mais precisa e eficaz. Em tempos de medicina personalizada, cada detalhe conta, inclusive o que se coloca no prato.

Autor: Denis Nikiforov

As imagens divulgadas neste post foram fornecidas por Oluwatosin Tolulope Ajidahun, sendo este responsável legal pela autorização de uso da imagem de todas as pessoas nelas retratadas.

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